Roy's jeep

Houve um momento em que entrei no jipe que apenas desliguei no que quer que ela estava a dizer. Ela era tão irritante que até chegava a este ponto, só consegui ligar nas últimas frases. - Desculpa não me parece que vá dar, eu sou muito obsessivo e não gosto de coisas a três - disse-lhe e apesar de estar a ser a coisa mais irónica que já tinha dito sabia que ela ia ignorar isso só para me irritar.

Encolhi os ombros e abri a janela para levar com o fresquinho já que a viagem e o próximo tempo ia ser a maior seca da minha vida - Tu sabes que agora vais ter de andar sempre de olho em mim, o que significa que vais deixar de poder estar com outras. - voltei a encolher os ombros - Podíamos fazer uma espécie de acordo em que ficávamos os dois a ganhar. E assim quando eu estivesse muito sossegada e bem comportada no meu quarto, podias ir à procura de outras companhias.

Era em minha casa que íamos ensaiar, o meu pai não estava em casa, muito menos no país felizmente. Acelerei, porque quanto mais tempo estivesse dentro daquele carro com aquela gaja mais probabilidades tinha de ter um acidente e nos matar aos dois. - Não te preocupes, eu não preciso nada disso, se eu quiser alguém eu tenho os meus truques para que não te aconteça nada - sorri de modo a provoca-la e parei o jipe na garagem quando cheguei.

Encolhi os ombros e deixei-o falar. Ele era a coisa mais desinteressante à face da Terra e eu ia arranjar maneira de ir embora sem que ele desse conta para ir à minha vidinha sem o ter atrás de mim como se fosse o meu cão. Assim que chegámos não sei onde, tirei o cinto de segurança e abri a porta para sair do jipe do Roy - Não me digas que vão treinar numa garagem mesmo à bandas ranhosas que ninguém conhece e só tem músicas estranhas.

Saí do carro revirando os olhos mal ela falou e respirei fundo para não me passar com ela e ser eu a bater-lhe - como podes ver a garagem está cheia de carros por isso não é uma garagem - disse abanando a cabeça e fechei o portão com o comando do mesmo, começando a entrar dentro de casa - és tão superficial - deixei escapar subindo as escadas até à cozinha para ir comer alguma coisa antes, visto que ainda ninguém tinha chegado.

Sai do jipe e segui-o não sei muito bem para onde mas pronto - Eu não sou superficial. - disse com um revirar de olhos - Sabes que nem sempre as pessoas são aquilo que parecem. - encolhi os ombros. Tinham acontecido tantas coisas e tinha sido criada de uma maneira tão mimada que tinha a noção que sim, era superficial e demasiado convencida mas não era assim que eu era, simplesmente era uma das minhas versões e a que eu mais gostava de mostrar, assim tinha a certeza que saia sempre a ganhar.

Revirei os olhos assim que ele voltou à resmunguice e meti o cinto de segurança depois de entrar no jipe dele - Credo, és mesmo melhor a dormir. - disse num resmungo. Só a dormir é que ele era interessante porque estava calado e ainda fazia coisas boas, de resto era a pessoa mais irritante à face da Terra, não ia conseguir estar muito tempo a aturar isto da babysitter com ele. O meu pai que arranjasse outra maneira de me proteger porque isto não fazia sentido absolutamente nenhum.

Mordi a parte de dentro da bochecha com força com o que ela disse e ia começar a mandar vir com ela, mas acabei por me calar com um suspiro - isto não precisa de funcionar assim, podemos não estar sempre juntos e assim tu podes ir comer quem tu quiseres e quem te apetecer. - disse-lhe, o problema é que assim não sabia como é que podia protege-la.

- E vais proteger-me como exatamente? - perguntei com um revirar de olhos depois do que ele disse - E se o gajo que eu quiser comer for um dos que me quer matar? Bela maneira de me proteger. - disse irónica. Estiquei as minhas pernas para a frente, e desviei o olhar para ele - Tu achas-me gira, eu sei, por isso podemos ajudarmo-nos mutuamente. - disse com um meio sorriso - Até tornava o teu trabalho mais emocionante, admite.

Suspirei por ela ter razão e apertei o volante nas minhas mãos endireitando-me enquanto conduzia até ao centro comercial. - Não vou ter sexo contigo mais nenhuma vez - voltei a repetir - não gosto de fazer sexo acordado com uma pessoa que não é ela própria - disse com um encolher de ombros - por isso vais ter de aguentar enquanto o teu pai não se farta de mim.

- Eu sou eu própria. - disse com um revirar de olhos - E nunca pensei que fosses tão esquisitinho com as pessoas que levas para a cama. No dia da festa estavas com uma gaja bem feia e não me pareceste importado. - agarrei na minha mala e tirei a carteira da mesma para ver quanto dinheiro é que ali tinha e ter a certeza que tinha o meu cartão de crédito. Tinha mesmo de comprar montes de roupas para ter em casa e para levar para o colégio por isso convinha ter dinheiro - Eu aguento tudo. Tu é que não sei. - respondi-lhe com um sorriso e pisquei-lhe o olho - De qualquer das maneiras, é só esperar que adormeças outra vez e já sabemos que costumavas violar pessoas durante o sono.

Revirei os olhos quando chamou feia à outra - Ela não era feia, estás com ciúmes porque querias estar no lugar dela, e pelo menos ela não foi cínica nem estúpida comigo logo à primeira vista. Desta má impressão logo no início, agora ficas sem nada. - resmunguei e abanei a cabeça - deves pensar que isso acontece sempre que eu adormeço - revirei os olhos pela segunda vez ao mesmo tempo que estacionava o carro.