Jardins - Lado Este

- Já vi que sim. -disse com um revirar de olhos enquanto o olhava. Fiz um beicinho quando ele disse para ir ver as fotografias dele ao instagram e abanei a cabeça - Para isso precisava de saber o teu nome mas eu não me contento com isso. - afastei-me da parede à qual ele me tinha encostado e voltei a ajeitar o meu cabelo e a roupa. Parecia que já não estava nada no lugar, ele tinha sido todo bruto - Podíamos fazer alguma coisa, sabes? Era mais interessante do que ver fotografias tuas no computador.

Parei, olhando para trás quando ela disse que queria saber o meu nome, ou praticamente o fez indiretamente - para ti é zé-ninguém - disse-lhe. Se ela queria assim tanto saber o meu nome que se dedicasse, eu não era um rapaz difícil, mas também era seletivo. Quer dizer, era seletivo quando não estava bêbado. Ela fazia-me lembrar o meu pai, de certeza que não ia para a cama, ou para onde quer que fosse com ela. - Podes ver pelo telemóvel - levei dois dedos à língua, levando-a depois às calças - contenta-te sozinha. - fiz um sorriso malandro e voltei a virar costas antes que lhe batesse.

- Sabes que mais cedo ou mais tarde vou saber o teu nome, podias era diminuir o tempo de procura. - disse com um encolher de ombros. Ele era irritante mas até era giro e eu queria divertir-me - Já disse que prefiro ver ao vivo do que ver fotografias. - disse-lhe assim que falou no telemóvel. Revirei os olhos com todos os gestos obscenos dele e abanei a cabeça - Se tu gostas de te contentar sozinho, é contigo mas podes ter a certeza que ficavas mais satisfeito comigo. - abanei a cabeça quando ele virou costas e encolhi os ombros - Tu é que perdes, branquinho.

-Então se vais, podes esperar mais um bocado que eu não te digo - disse com o mesmo sorriso cínico que ela por vezes me fazia. - Então temos pena, faz um esforço - olhei para trás - eu já me contentei por hoje - lembrei-a encolhendo os ombros enquanto saía dali até ao bar para comer alguma coisa antes de me ir deitar - se calhar perdes mais que eu - disse agarrando na carteira para ir buscar um cachorro quente para almoçar.

Encolhi os ombros com o que ele disse e não consegui evitar o sorriso - És o Roy. - enrolei uma pontinha do meu cabelo enquanto continuava a seguir atrás dele. Ele era irritante e por isso dava-me vontade de o chatear. E digamos que não era uma pessoa sexualmente necessitada mas apetecia-me arranjar alguém que se quisesse divertir - Como vês, eu sei o teu nome, Roy Archer. - a Sophie tinha-mo dito uns dias antes, quando andava de olho nele. Tirei uma nota do bolso para comprar também um cachorro e olhei para ele - Sabes, podíamos mesmo divertir-nos. - dei uma trinca no cachorro ainda a olhá-lo - Não ia querer casar contigo a seguir, não te preocupes. Podíamos só passar o tempo.

Depois de ter roubados as cores passei de novo pelo meu quarto para pegar num bloco e fui até aos jardins do colégio olhando em volta, não estava muito inspirado, mas era o que me apetecia fazer. Suspirei quando me lembrei da noite de ontem e comecei a desenhar-me a dar um murro ao outro gajo já que não tinha mais nada para fazer.

Sai do meu quarto e estava muito bem a andar pelo jardim quando recebi uma chamada do meu pai para perguntar onde é que eu estava. Eles tinham voltado da viagem e o meu pai estava à porta do colégio para falar comigo e saber quem era o Roy. Bati com a mão na testa e revirei os olhos quando vi o Roy ali - Que ótimo. - aproximei-me dele e olhei em volta a ver se o meu pai já tinha chegado ali - Vais ter de ir embora. É uma questão de vida ou de morte.

Coloquei os lápis todos espalhados no banco em que estava cruzando as pernas à chinês e encostei-me ao banco começando a esboçar os pequenos traços, ainda me lembrava mais ou menos da cara do homem por isso tentei fazê-la o melhor que conseguia. Levantei o olhar quando vi alguém a tapar-me a sombra e revirei os olhos, rindo-me do que ela disse - óptimo, morre - disse com um encolher de ombros, no que dependesse de mim já não a ajudava em mais nada.

Revirei os olhos e estava a ponderar arrastá-lo dali para fora pelos cabelos quando o meu pai apareceu. Esforcei-me por sorrir assim que ele me beijou a bochecha e tentei não revirar os olhos quando ele olhou para o Roy - Então este é o rapaz que te ajudou? - revirei os olhos e assenti com a cabeça - Eu sou o Danny McRieve o pai da Rebecca. Queria agradecer-te por a teres defendido. E tenho uma proposta para ti. - levantei uma sobrancelha e olhei de um para o outro sem perceber.

-Sai daí, estás a tapar-me o sol - disse continuando a desenhar com as minhas cores como se ela não estivesse ali, só levantando o olhar quando senti a presença de mais alguém. Fiz uma careta quando vi que era o seu pai, lá o lutador de boxe e fiquei apenas a olha-lo enquanto me agradecia. - Ah não é preciso agradecer, a sua filha sabe defender-se sozinha - disse voltando a olhar para o papel, tendo que desviar o olhar para ele de novo quando disse que tinha uma proposta para mim. - que é...?

- Oh por amor de deus, pai. - queixei-me já à espera de alguma coisa maluca. Voltei a desviar o olhar para o Roy e abanei a cabeça.
- A minha filha foi ameaçada por causa de mim. - começou o meu pai - E foste tu que a ajudaste por isso, estava a pensar se não querias ser uma espécie de guarda costas dela. - abri a boca para protestar - Só tens de ter a certeza que nada lhe acontece e vais receber bem pelo teu trabalho, se aceitares a proposta.

Fiz uma careta quando o homem começou a falar, acho que ela não lhe tinha contado a parte do estalo, ou não se tinha armado em forte e dizer que tinha sido ela a dar o murro como tanto dizia que ia dar se não fosse eu. Olhei para o meu desenho pintando uma parte que faltava enquanto ele falava e acabei por dar-lho para as mãos - lamento, mas vai ter que contratar outro - disse - eu posso ser grande fã seu, mas não sou da sua filha mais nova. - disse com um encolher de ombros pegando nas minhas coisas, mas assim que olhei para Rebecca percebi que a ideia do pai não a agradava, por isso endireitei-me e olhei para o homem esticando-lhe uma mão - quanto é que me paga? - perguntei.

Sorri quando o Roy disse que não estava interessado mas assim que perguntou quanto era, sabia que estava tudo perdido - Oh por amor de deus! - cruzei os braços no peito e abanei a cabeça - Estão a falar de mim como se eu não estivesse aqui mas estou. E eu sei tomar conta de mim sozinha.
O meu pai nem ligava ao que eu dizia, era a ele que eu saia teimosa. Quando vinha uma ideia naquela cabeça, não saia até a mesma acontecer - Diz um valor, se fizeres o trabalho bem feito, o preço até pode aumentar sempre no final de um mês.

Fiz um sorriso traquina por saber que a estava a irritar. Estava a fazer isto por duas razões, apetecia-me irrita-la, e porque eu precisava mesmo de dinheiro. A verdade é que dinheiro não me faltava, mas eu queria deixar de depender do meu pai e assim podia poupar o dinheiro para comprar uma coisa ou alguma coisa do género, só queria ver-me livre dele.
-Mil por mês? - perguntei - ela é teimosa - apontei para a filha dele como desculpa por dizer um valor tão elevado.

Abri a boca e agarrei num dos lápis do Roy, atirando-o na sua direção. Felizmente para ele não lho atirei com o bico apontando para ele ou tinha ficado com um olho prefurado. Ele era irritante e eu sabia que estava a fazer isto para me irritar se bem que não percebia porque é que ele queria andar a ser minha baby sitter - Pai, não. - pedi uma última vez mas já sabia que não valia a pena.
O meu pai sorriu e esticou a mão para o Roy - Tudo bem. Toma conta dela, ninguém lhe pode fazer mal ou acabasse o contrato e ficas sem mais coisas do que só o dinheiro.

Sorri quando ele me apertou a mão e olhei para Rebecca com um o meu sorrisinho, só mesmo para a provocar. Levantei as sobrancelhas quando o homem me ameaçou - Eu não tenho mais nada, por isso - encolhi os ombros afastando-me e peguei no meu bloco agarrando nos meus lápis. Ia embora quando me lembrei que o objectivo era andar atrás dela - tenho ensaio agora, nem penses que vou faltar por tua culpa, por isso vais ter que vir comigo ou avisar o teu pai - apontei para o mesmo.

Revirei os olhos quando o meu pai se despediu de mim antes de sair do colégio. Olhei para o Roy e sorri cinicamente com o que ele disse - Oh claro. Agora vou ser a tua cadelinha. - agarrei nas minhas coisas e comecei a caminhar - Não vou a um ensaio de uma banda qualquer rasca. - voltei a revirar os olhos e virei a cara na sua direção - Quer dizer. - sorri enquanto o olhava - Eles são giros? Os outros da banda? Já que tu não és nada que se aproveite.

Cerrei o maxilar já a ficar irritado com ela, agora já não era só porque sabia que a ia irritar, era também porque precisava do dinheiro, já tinha tudo planeado na minha cabeça. Agarrei-lhe no pulso quando começou a sair dali – Eu vou andar sempre atrás de ti para garantir o meu dinheiro, o único sítio que te peço para vires é à porcaria do ensaio – disse entre dentes e revirei os olhos com as suas perguntas, ela só pensava mesmo nisso não era? – devem ser, pesquisa – resmunguei arrumando os lápis para os ir devolver.

Olhei para a minha mão assim que o Roy agarrou na mesma e juntei as sobrancelhas com o que ele disse a seguir - Então, se eu quiser curtir com um gajo, vais ter de estar dentro do quarto? Para te assegurares que ele não me faz mal? Ou a partir de agora a única pessoa com quem eu posso curtir és tu? - levantei uma sobrancelha mas rapidamente fiz uma careta enquanto o seguia - Espero bem que me dediques uma música já que tenho de ir a esse ensaio ridículo da tua banda esquisita. - disse completamente aborrecida.

Fiz uma careta só de imaginar o que ela descrevia e apenas passei as mãos pelo cabelo já a ficar desesperado com aquela gaja. Quando tinha aceite a proposta do pai dela eu devia ter ficado maluco temporariamente. Pensa no dinheiro, pensa no dinheiro. Respirei fundo olhando para Rebecca - se quiseres curtir com alguém eu deixo-te sozinha podes estar descansada, não pretendo ver-te a fazer sexo nem a ouvir os teus gemidos - disse rindo-me logo de seguida - podes esperar sentada.

Parei em frente a ele e mordi o lábio inferior enquanto sorria ligeiramente - Tu queres. - encolhi os ombros - Só gostas de te fazer de esquisito. E podíamos divertir-nos. - abanei a cabeça e como já sabia o que é que ele ia dizer, continuei a andar para não sei para onde, onde ia ser o ensaio da banda dele - Não faz mal, não estava a pensar assistir ao ensaio em pé por isso. - encolhi os ombros de novo e ajeitei a minha roupa.

Ri-me ironicamente com um revirar de olhos. - Sim Rebecca o que eu mais quero é ouvir-te gemer e ver-te em cima de algum dos meus amigos, ou em cima de mim, não obrigado - abanei a cabeça colocando-lhe uma mão no ombro para a orientar para a saída afastando-a logo antes que apanhasse a mania toda. Fechei os olhos enquanto abanava a cabeça e passei as mãos pelo meu cabelo - pode ser que o rapaz de ontem ainda esteja interessado em ti - comentei tentando não sorrir, indo em direcção ao meu jipe.

Olhei para ele de olhos semicerrados - Assim que me ouvires a gemer não vais querer outra coisa e eu não tenho de estar sempre por cima, podemos ir rodando. - disse com um sorrisinho espertinho. Deixei que ele me guiasse até ao carro dele e assim que chegámos, entrei no mesmo e coloquei o cinto de segurança - O teu amigo é um bocadinho estranho e acho que ele estava interessado em ti. - encolhi os ombros e olhei para ele - Por isso é que podíamos juntar-nos os dois.

Depois do meu banho, vesti uma roupa lavada e quentinha e sai do colégio, dirigindo-me para o jardim no mesmo. Ao menos os jardins eram bonitos já que quase nunca podia sair do colégio para ir para casa, só com autorização dos meus pais ou da Sophie ou se apanhasse um dos homenzinhos do portão distraídos por isso pelo menos podia passear ali. Sente-me num banquinho e fiquei a olhar para as pessoas que passavam, olhando para as roupas dela enquanto avaliava as mesmas.

Estava a olhar em volta, apesar de estar meio cego, e foi aí que vi Rebecca. Fiquei a olha-la a ver se valia a pena ir ou não, ela podia estar acompanhada, ou estar à espera de alguém, mas assim que percebi que se calhar não estava levantei-me e fui sentar-me ao lado dela. - a avaliar os trapos que as outras têm vestido? - perguntei retoricamente- isso é feio.